Filoxeno

um sol-
dado persa
      com o capuz aberto
      do exército persa
caiu
entre as espadas
e lanças espalhadas

            

seu (último)
gesto
é
levantar o escudo
para ver
        super-
        fície de espelho
sua própria face

            

esse soldado deseja saber
quem é

            

antes de

amarelando árvores vigilantes

fomos ver um filme, já
não me lembro qual.
rimos tanto
daquela coisa toda
                technique
enquanto os créditos rolavam

 

em algum momento
te abracei:
e seu abraço
sempre foi como
fechar a porta devagarinho para não te acordar
como
peças coloridas de lego
como
descobrir um cômodo novo
como
aquelas rodas em volta de fogueiras
como
camisas de flanela antigas, quadriculadas
como
o silêncio de certos dias nublados
como
chá de morango (o cheiro vermelho).

 

e era fim de tarde:
5 e qualquer coisa
aquela luz deitada mormaço quente linda
amarelando
árvores vigilantes

 

(a luz vinha do sol) que lá no
horizonte já começava a encostar no mar
como uma borboleta
pousa em uma telha de alumínio Continue lendo “amarelando árvores vigilantes”