não é pouco isso:
estar vivo e
respirar
como quem
respira todas as coisas
de uma cidade.
não é pouco
atravessar esta lâmina
dos dias
que se estende esticada
sobre o medo
(ou quando marca
nosso corpo
com as marcas e sinais
da incerteza e do fim)
como quem transmuta
filetes de sangue lágrimas
abandonos términos diag-
nósticos hostis mágoas pro-
fundas traumas dores de todo tipo
em sonhos imensos.
reconhecer a vida e
abdicar
de todo o resto.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀mas não levaremos então
os bolsos vazios.
virá uma borboleta
lilás e luminosa
e pousará dentro deles.