procuro
mistérios insondáveis em coisas
simples como suas mãos
desenhando no espaço que respiramos
uma visão da noite passada
aprendi esse ano que o casulo é pra sempre
segredo dos bichos que praticam
a metamorfose
como rito cotidiano:
não existe início não existe final
isso que chamamos tempo
isso que chamamos vida
– e aqui nós, os inteligentes –
coragem, bebida
de muitas ervas
nem sempre saber
o que tem dentro do
momento
de que se bebe
é também entrega
ou quem sabe amor
depois, chamar de vida o
que cresce
nas frestas de nossa desesperança
olhá-la com a atenção dos precipícios
quando toda origem é traçada
de volta ao mar
odoyá sereia
suas águas ensinando: calmaria e desordem
coisas que a gente inventa
escuto que o casulo é pra sempre
que não tem isso de fugir mais cedo
se o vento começa a balançar